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Data Insight: Os 5 principais países africanos líderes em capacidade de energia solar
A África está testemunhando um boom de energia solar enquanto se esforça para aproveitar a abundante luz do sol para preencher sua lacuna de energia. Recentemente, o continente superou um marco simbólico de 20 gigawatts (GW) de capacidade solar instalada, com outros 10 GW em construção. Esse aumento ocorre em um momento crucial — cerca de 600 milhões de africanos (53% da população) ainda não têm acesso à eletricidade, embora a maior parte da África desfrute de mais de 3.000 horas de sol por ano. Na verdade, a África detém cerca de 60% dos melhores recursos solares do mundo, mas a energia solar representa apenas cerca de 3% de sua geração de eletricidade. Portanto, a energia solar não é apenas um imperativo ambiental, mas uma pedra angular para o desenvolvimento, oferecendo um caminho para eletrificar comunidades, impulsionar o crescimento econômico e reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Os governos africanos estabeleceram metas ambiciosas, com o objetivo de expandir a capacidade renovável de 56 GW em 2022 para 300 GW até 2030, com a energia solar desempenhando um papel de liderança nessa visão.
Em meio a esse momento, alguns países se destacam como líderes continentais na implantação de energia solar. Concentradas no norte e no sul, essas nações respondem pela maior parte da capacidade solar da África e estão liderando projetos e políticas inovadoras. Abaixo, destacamos cinco países na vanguarda da revolução solar na África, discutindo seu progresso e os fatores que impulsionam seu sucesso.
África do Sul: a usina solar do continente
A África do Sul é a líder solar indiscutível da África, representando quase metade da capacidade solar instalada do continente. Graças a políticas de apoio como o Programa de Produtores de Energia Independente de Energia Renovável (REIPPPP) e uma forte resposta do setor privado, a capacidade solar da África do Sul cresceu para cerca de 8,5 GW no final de 2024. Isso inclui parques solares em escala de serviços públicos e um boom notável de instalações em telhados em pequena escala, impulsionado pela necessidade de aliviar a escassez crônica de energia. Projetos emblemáticos, como as fazendas solares De Aar e Jasper (entre as maiores do hemisfério sul), demonstram o compromisso do país com as energias renováveis. A rápida expansão continua sob o mais recente plano de energia da África do Sul, que prevê a adição de mais 11 GW de energia solar até 2030 para diversificar a rede longe do carvão. Com sua estrutura política robusta e interesse significativo dos investidores, a África do Sul continua sendo o motor da indústria solar da África, provando a rapidez com que a capacidade pode crescer quando o governo e a indústria se alinham.
Egito: pioneiro solar do norte da África
O Egito emergiu como uma usina de energia solar no norte da África, aproveitando seus vastos desertos para projetos de grande escala. É um dos dois únicos países africanos (junto com a África do Sul) a atingir a capacidade solar na escala de gigawatts. Uma peça central do sucesso do Egito é o Parque Solar Benban em Aswan — um amplo complexo de dezenas de usinas com uma capacidade combinada de cerca de 1,65 GW. Benban, um dos maiores parques solares do mundo, exemplifica a estratégia do Egito de mobilizar investimentos internacionais e produtores independentes de energia sob uma estrutura regulatória favorável. Além de Benban, projetos adicionais, como a usina solar Kom Ombo e várias instalações menores, elevaram a capacidade solar total do Egito acima da faixa de 1,5 a 2 GW. O país pretende que 42% de sua eletricidade venha de fontes renováveis até 2030, contra cerca de 11,5% em 2024, com a energia solar desempenhando um papel fundamental ao lado do vento. O governo do Egito também incentivou a energia solar distribuída e fora da rede para comunidades remotas e agricultura, explorando alguns dos níveis mais altos de irradiação solar do mundo em seu deserto ocidental. Com forte vontade política, o Egito está liderando a implantação de energias renováveis na região MENA, demonstrando como grandes projetos e metas políticas podem catalisar uma indústria solar nacional.
Marrocos: aproveitando o sol do deserto
Marrocos se posicionou como campeão de energia renovável, fazendo avanços ousados na energia solar como parte de sua estratégia de energia limpa. Em 2024, Marrocos tinha cerca de 885 MW de capacidade solar instalada, colocando-o entre os principais países solares da África. Embora esse número esteja prestes a crescer, o que realmente distingue Marrocos são seus projetos visionários e planejamento integrado. O Complexo Solar Noor Ouarzazate — uma mistura de energia solar concentrada (CSP) e usinas fotovoltaicas (PV) totalizando cerca de 580 MW — apresenta tecnologia solar de ponta à beira do Saara. Esse complexo não apenas fornece energia para milhões de marroquinos, mas também colocou Marrocos no mapa por hospedar uma das maiores instalações de CSP do mundo. Além disso, Marrocos está investindo em novos projetos fotovoltaicos (incluindo instalações recentes de 400 MW de energia solar fotovoltaica e baterias) para atingir sua meta de mais de 52% de capacidade renovável até 2030. O sucesso do país vem de instituições fortes como a MASEN (Agência Marroquina de Energia Sustentável) e de metas claras, que atraíram parcerias internacionais. Notavelmente, a Aninver contribuiu para os esforços de sustentabilidade de Marrocos apoiando o empreendedorismo climático — por exemplo, facilitando o financiamento inicial de empreendimentos verdes em Marrocos para estimular soluções de tecnologia limpa. Tais iniciativas complementam os grandes projetos de infraestrutura, criando um ecossistema de inovação. A experiência de Marrocos ilustra como um compromisso de alto nível, combinado com investimentos inteligentes, pode transformar o sol abundante do deserto em um motor para o desenvolvimento sustentável.
Quênia: aumento solar na África Oriental
O Quênia lidera a África Oriental em energia renovável e está rapidamente ampliando sua capacidade solar para complementar seus setores geotérmico e eólico bem estabelecidos. Embora a capacidade solar conectada à rede do Quênia (várias centenas de megawatts) seja mais modesta do que os gigantes do norte e sul da África, o país é pioneiro em soluções solares distribuídas. O Quênia construiu a maior fazenda solar da região — a Usina Solar Garissa de 50 MW, que reduziu significativamente os custos de energia e é a maior instalação solar na África Oriental e Central. Além dos projetos de serviços públicos, o Quênia adotou a energia solar fora da rede em uma escala sem precedentes: sistemas domésticos e minirredes solares acessíveis com pagamento conforme o uso proliferaram, levando eletricidade para vilas rurais e residências distantes da rede nacional. Graças a esses esforços, o Quênia é líder global no número de sistemas de energia solar instalados per capita, demonstrando como a inovação em financiamento e distribuição pode expandir o acesso à energia. O apoio do governo, como a remoção das tarifas de importação de equipamentos solares e o estabelecimento de metas ambiciosas de acordo com a Visão 2030 do Quênia, impulsionou ainda mais o mercado solar. Empresas quenianas como a M-Kopa ganharam reconhecimento internacional por conectar milhares de residências à energia solar por meio de micropagamentos, ressaltando o papel do Quênia como inovador no acesso sustentável à energia. À medida que os investimentos dos setores público e privado crescem, o Quênia está a caminho de aumentar substancialmente sua capacidade solar instalada e continuar liderando pelo exemplo na região.
Namíbia: explorando o vasto potencial solar
O sol abundante e as paisagens abertas da Namíbia a tornam ideal para o desenvolvimento de energia solar. O país está investindo em grandes projetos, como a Usina Solar Sores de 100 MW (cerimônia de inauguração na foto), sua maior usina solar até hoje, para impulsionar a geração doméstica. A capacidade solar instalada cumulativa da Namíbia atingiu 163 MW no final de 2024, e esse número está aumentando com novas instalações em andamento.
A Namíbia pode ter uma população e um sistema de energia menores do que os outros desta lista, mas está emergindo rapidamente como líder em energia solar na África Austral. O país possui alguns dos maiores níveis de irradiação solar do mundo, o que lhe dá imenso potencial para gerar energia limpa e barata. Nos últimos anos, a Namíbia aumentou os investimentos em energia solar para reduzir a dependência de importações de eletricidade e combustíveis fósseis. No final de 2024, tinha cerca de 163 MW de capacidade solar, e os projetos em andamento devem adicionar centenas de megawatts a mais. A estratégia da Namíbia combina projetos em escala de serviços públicos — como a nova usina Sores Gaib de 100 MW no sul — com iniciativas para promover produtores independentes de energia e a absorção de energia solar em comunidades remotas. Notavelmente, a Namíbia também está vinculando suas ambições solares ao futuro do hidrogênio verde: o país tem planos para grandes projetos de hidrogênio movido a energia solar e eólica para produzir combustíveis limpos para exportação. O apoio de parceiros internacionais (por exemplo, financiamento do KfW da Alemanha para fazendas solares) tem sido fundamental para iniciar esses esforços. Com as energias renováveis já contribuindo com cerca de 70% de seu mix de eletricidade (principalmente de energia hidrelétrica) e a nova capacidade solar entrando em operação, a Namíbia pretende alcançar a segurança energética e até mesmo se tornar um exportador líquido de energia aproveitando sua luz solar. Seu progresso exemplifica como até mesmo economias de médio porte podem superar seu peso na arena renovável por meio de visão e investimento inteligente.
Impulsionando a energia sustentável na África
Esses cinco países — África do Sul, Egito, Marrocos, Quênia e Namíbia — estão na vanguarda da expansão da energia solar na África. Suas experiências destacam um tema comum: um forte compromisso nacional e projetos inovadores podem liberar o vasto potencial solar da África para o crescimento sustentável. De enormes parques solares a soluções fora da rede, essas nações estão abrindo o caminho a seguir, provando que a energia limpa pode combater tanto a pobreza energética quanto as mudanças climáticas no continente. Eles também ressaltam a importância das parcerias e da experiência para alcançar essas metas. A Aninver tem orgulho de contribuir para essa jornada, por meio de iniciativas como o gerenciamento do Portal de Energia da África do Banco Africano de Desenvolvimento, que fornece dados e insights vitais para apoiar a transformação de energia em todo o continente. Também participamos de projetos que promovem a sustentabilidade e o desenvolvimento de infraestrutura em muitos desses países líderes, refletindo nosso compromisso com o futuro verde da África.
À medida que a história solar da África continua se desenrolando, convidamos você a se manter informado e a se envolver. Explore mais artigos e ideias da Aninver sobre desenvolvimento sustentável e energia na África e participe da conversa sobre como acelerar a transição para um futuro de energia mais brilhante e mais limpo. Juntos, podemos apoiar o esforço do continente em direção à sustentabilidade — um projeto solar por vez.









