Nossas Visões
Tendências de finanças climáticas em 2025: novas oportunidades para DFIs
O financiamento climático passou de um tópico de nicho para um pilar central da política de desenvolvimento. Em 2025, toda conversa séria sobre infraestrutura, desenvolvimento do setor privado ou investimento público acabará abordando o clima — de forma explícita ou não.
Para as Instituições Financeiras de Desenvolvimento (DFIs), essa mudança é tanto um desafio quanto uma oportunidade. Isso exige repensar riscos, mandatos e instrumentos. Mas também abre um espaço para fazer o que os DFIs fazem de melhor: transformar prioridades globais complexas em projetos financiáveis no terreno.
Neste artigo, analisamos as principais tendências de financiamento climático que vemos em 2025 e como elas estão criando novas oportunidades para os DFIs, com base no trabalho da Aninver em economia azul, clima de investimento verde e programas focados em resiliência na África, América Latina e Caribe.
1. De “projetos verdes” a portfólios alinhados ao clima
Uma das tendências mais claras é a mudança do financiamento de alguns projetos verdes emblemáticos para portfólios inteiros que alinham o clima.
Para DFIs, isso significa:
- Examinando todas as operações em busca de riscos e impactos climáticos.
- Definir metas de mitigação e adaptação em nível de portfólio.
- Eliminar gradualmente o apoio a projetos inconsistentes com as metas do Acordo de Paris.
Na prática, isso está pressionando os DFIs a integrar lentes climáticas em setores que não eram tradicionalmente vistos como “verdes”: turismo, digital, regeneração urbana ou mesmo sistemas tributários.
Vemos isso em primeira mão em tarefas como o Diagnóstico Climático de Investimento Verde na Gâmbia, onde as considerações climáticas agora são fundamentais para a priorização das reformas do agronegócio, do turismo e da gestão de resíduos. O que costumava ser uma conversa sobre “fazer negócios” agora é igualmente sobre resiliência, emissões e eficiência de recursos.
Para os DFIs, essa lógica de portfólio muda a pergunta de “Temos alguns projetos climáticos?” para “Todo projeto é robusto em termos de clima e relevante para o clima?”
2. Adaptação e resiliência finalmente chegando à vanguarda
Investimentos em mitigação, como energias renováveis e eficiência energética, ainda atraem a maior parte da atenção global, mas 2025 é claramente o ano em que a adaptação e a resiliência se aproximam do centro das atenções. Isso é importante para os DFIs porque a adaptação geralmente é mais específica localmente, mais intensiva em políticas e muito mais difícil de monetizar do que uma usina solar ou um parque eólico. No entanto, a demanda é enorme: pequenos agricultores que enfrentam chuvas irregulares, comunidades costeiras expostas a tempestades ou concessionárias de água que enfrentam a seca precisam de investimentos e suporte técnico que as finanças comerciais tradicionais tendem a ignorar.
O trabalho da Aninver no Projeto de Assistência Técnica de Agricultura Familiar na Região 1 rural do Panamá e sobre agricultura, degradação da terra e fragilidade no G5 Sahel reflete exatamente essa mudança. Essas intervenções não são mais vistas como puramente rurais ou puramente sociais; são programas de adaptação, ajudando as comunidades a gerenciar riscos por meio de melhores serviços de extensão, planejamento climático inteligente e cadeias de valor mais resilientes. Para os DFIs, a oportunidade é combinar fundos concessionais e comerciais em programas rurais resilientes ao clima, apoiar os governos a criar esquemas baseados em resultados que recompensem os resultados da resiliência e desenvolver novas métricas que capturem as perdas evitadas, bem como os novos ativos construídos.
3. A natureza e a economia azul como ativos climáticos investíveis
Outra forte tendência é o papel crescente das soluções baseadas na natureza — florestas, zonas úmidas, manguezais, ervas marinhas — como ativos climáticos reconhecidos. Nos estados costeiros e insulares, isso está se traduzindo em um crescente interesse na Economia Azul e nos mercados emergentes de carbono azul, onde os DFIs estão em uma posição única para ajudar governos e atores privados a passarem do conceito à implementação.
No Caribe, vemos isso muito claramente. Em Belize, apoiamos o governo e os parceiros na construção de uma estratégia abrangente de economia azul e abordagem de comunicação, esclarecendo quem faz o quê e como o investimento pode ser mobilizado em torno do turismo marinho, pesca e conservação. Em Trinidad e Tobago, estamos trabalhando no projeto e no treinamento de um esquema de crédito de carbono azul de alta qualidade, em que manguezais e ervas marinhas são tratados como ativos que geram benefícios climáticos mensuráveis e verificáveis.
Esses projetos mostram o que os DFIs podem fazer de diferente em 2025: trazer credibilidade técnica a novos mecanismos de mercado, como carbono azul, títulos de resiliência ou fundos vinculados à natureza; financiar as análises iniciais, os sistemas MRV e as estruturas institucionais que tornam os investimentos baseados na natureza financiáveis; e depois atrair capital privado quando as regras e as linhas de base estiverem claras. A vantagem não é apenas ambiental. Quando as comunidades costeiras veem que ecossistemas saudáveis se traduzem em empregos, renda e receita potencial de carbono, a política climática se torna muito mais fácil de sustentar política e socialmente.
4. O financiamento combinado está se tornando mais direcionado (e mais exigente)
O financiamento combinado não é mais apenas uma combinação genérica de dinheiro concessional e comercial. Em 2025, os DFIs estão sob uma pressão muito maior para demonstrar adicionalidade — para mostrar que os recursos concessionais realmente desbloqueiam projetos que, de outra forma, não aconteceriam. Isso significa usar parcelas ou garantias de primeira perda de forma mais seletiva, alinhando os preços com resultados climáticos e de desenvolvimento claramente definidos e combinando finanças com um profundo diálogo político e apoio à preparação de projetos.
Em operações do tipo PPP, de projetos hospitalares na Espanha a PPPs de transporte e energia na América Latina, vemos o financiamento combinado funcionando melhor quando três partes estão prontas. Primeiro, o lado público tem uma visão clara do que deseja, com alocação realista de riscos e padrões de serviço que tornam o projeto atraente para parceiros sérios. Em segundo lugar, as metas climáticas estão totalmente incorporadas ao projeto, seja por meio de padrões de eficiência em edifícios hospitalares, opções de fornecimento renovável ou layouts de infraestrutura resilientes. Em terceiro lugar, os DFIs se posicionam na interseção, usando fundos concessionais para melhorar a capacidade financeira e, ao mesmo tempo, ajudar os governos a gerenciar riscos fiscais e climáticos de longo prazo. A oportunidade agora é abandonar as “janelas verdes” que servem para todos e adotar soluções combinadas personalizadas que reflitam os riscos específicos do setor, as capacidades dos países e os objetivos climáticos explícitos.
5. Dados, taxonomias e o “encanamento” das finanças climáticas
Por trás de cada projeto climático, há uma camada cada vez mais densa de dados, taxonomias e requisitos de relatórios. O que costumava ser um anexo opcional em um documento de projeto agora é fundamental para a elegibilidade de muitas fontes de financiamento. Os países estão adotando taxonomias financeiras verdes ou sustentáveis, desenvolvendo sistemas nacionais de MRV (Medição, Relatórios e Verificação) e se alinhando aos padrões regionais de divulgação. Esse “encanamento” técnico determina silenciosamente quais projetos podem acessar quais pools de capital.
Em nosso trabalho sobre diagnósticos climáticos de investimento e soluções digitais para reguladores — por exemplo, a estratégia de transformação digital do regulador de água peruano OTASS — vemos como sistemas de informação robustos e classificações claras facilitam o rastreamento de gastos relacionados ao clima e a atração de novos financiamentos. Para os DFIs, isso abre uma oportunidade significativa de financiar sistemas de dados, registros e taxonomias como infraestrutura central; apoiar reguladores e ministérios na construção de canais confiáveis alinhados com essas estruturas; e simplificar os relatórios para entidades subsoberanas, cidades e PMEs que, de outra forma, teriam dificuldade em cumprir. Bons dados fazem mais do que satisfazer os doadores; eles criam confiança com investidores privados que precisam de clareza sobre o que é considerado financiamento verde, resiliente ou de transição.
6. Financiamento climático mais próximo das PME e dos ecossistemas locais
Finalmente, 2025 está trazendo um impulso mais forte para garantir que o financiamento climático alcance PMEs, startups e ecossistemas locais, não apenas grandes patrocinadores de infraestrutura. Essa mudança é especialmente visível nos setores digital e criativo, onde novos modelos de negócios podem acelerar o crescimento de baixo carbono; no turismo, onde os pequenos operadores estão se adaptando aos choques climáticos e aos mercados em evolução; e na agricultura, onde cooperativas e pequenos processadores são fundamentais para construir resiliência.
O trabalho recente de Aninver na Gâmbia — desde o fortalecimento do ecossistema de empreendedorismo digital até a concepção de uma estratégia nacional de turismo digital e o fornecimento de treinamento de habilidades digitais para MPMEs — mostra como as agendas climáticas e digitais se sobrepõem cada vez mais. Uma base de PME mais conectada e alfabetizada em dados está em melhor posição para adotar práticas climáticas inteligentes, acessar finanças verdes e participar de cadeias de valor emergentes. Os DFIs podem desempenhar um papel catalisador trabalhando com instituições financeiras locais para projetar linhas de crédito e esquemas de garantia verdes para PMEs, financiando aceleradores e construtores de ecossistemas que conectam soluções climáticas com orientação de negócios e garantindo que gênero e inclusão sejam incorporados ao design do programa desde o início. Iniciativas como a Fashionomics Africa, em que empresas criativas lideradas por mulheres são fundamentais para o crescimento de baixo carbono e rico em empregos, oferecem inspiração útil para o que isso pode parecer na prática.
Onde os DFIs podem agregar mais valor
Em todas essas tendências, a vantagem comparativa dos DFIs não é apenas dinheiro. É a capacidade de combinar finanças com diálogo político, aconselhamento técnico e aprendizado.
Do nosso ponto de vista na Aninver, os programas relacionados ao clima mais impactantes em que trabalhamos compartilham algumas características:
- Eles investem em instituições e ecossistemas, não apenas em ativos físicos.
- Eles combinam análise, estratégia e capacitação com financiamento.
- Eles conectam deliberadamente agendas globais (Paris, natureza, ODS) com prioridades e meios de subsistência locais.
Seja em um programa de carbono azul no Caribe, em uma estratégia de indústrias criativas em Ruanda ou em uma iniciativa de resiliência rural na América Latina, os DFIs dão o melhor de si quando ajudam governos e atores privados a lidar com essa complexidade, transformando metas climáticas em canais coerentes de projetos financiáveis e socialmente fundamentados.
Para os DFIs que esperam 2025 e além, a mensagem é clara: o financiamento climático não é mais uma linha de produtos de nicho. É a lente pela qual o financiamento do desenvolvimento como um todo será julgado.
Quer ir mais fundo?
Se você estiver interessado em saber como essas tendências se manifestam nas operações do mundo real, convidamos você a explorar alguns de nossos projetos recentes e contínuos relacionados ao clima, resiliência e crescimento sustentável:
- Diagnóstico Climático de Investimento Verde (GICD): Barreiras políticas e regulatórias na Gâmbia
- Análise da economia azul em Belize
- Projeto e treinamento do Esquema de Crédito de Carbono Azul de alta qualidade em Trinidad e Tobago
- Agricultura rural e programas de resiliência no Panamá e no G5 Sahel
Essas e outras tarefas ilustram como o financiamento climático pode ser traduzido em soluções práticas — e como os DFIs, governos e parceiros privados podem trabalhar juntos para transformar ambição em implementação.









